O paulista António Morey, de 55 anos, é dessa turma. Desde que perdeu o emprego em uma multinacional, há sete anos, vem assumindo todas as funções de uma dona de casa: lava, passa, faz a feira e a faxina, e ainda cozinha. A mulher, Regina, trabalha em uma empresa de administração de imóveis. Ele garante que não se arrepende da decisão, mas admite que foi difícil aceitar a nova rotina – e ser aceito pelos ex-colegas. "É complicado para a autoestima trocar de papel com a mulher", diz. "Tenho muitos amigos que estão na mesma situação econômica, mas que, por machismo ou orgulho, preferem não falar a respeito." Para derrubar o tabu, ele escreveu o livro Afinal, Quem Está no Comando?, sobre as agruras de um recém-desempregado obrigado a assumir as tarefas domésticas para não diminuir muito o padrão de vida da família. "Não há do que se envergonhar, as mulheres desempenharam essas tarefas durante séculos, agora é a nossa vez."
Lailson Santos |
António Morey, o dono de casa: "É complicado para a autoestima trocar de papel com a mulher" |
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